domingo, 21 de junho de 2009

Após um ano de vigência, motoristas ainda driblam fiscalização da lei seca

RICARDO SANGIOVANNI
da Folha de S.Paulo

Foi-se o primeiro ano da lei seca e, nesse tempo, diminuíram as mortes, as internações e os gastos dos hospitais com feridos em acidentes, segundo fontes oficiais e entidades de segurança do tráfego. Mas, alheia às estatísticas, nos bares a lei já deixou de ser assunto nas rodas de amigos.

O medo de ser flagrado dirigindo alcoolizado em uma blitz já não é mais aquele e, com ele, diminuiu também o pudor dos motoristas de admitir que retomaram (alguns nem sequer chegaram a perder) o costume de beber e sair dirigindo.

Em uma mesa de bar na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, o casal Marcos Imparato, 30, e Juliana Moraes, 24, estava apenas na segunda garrafa de cerveja. "Passei a beber com mais moderação", diz Marcos. Então vão parar por aí? "Ainda vamos beber mais duas. Ou três, quatro, cinco... Não vou sair trançando as pernas", diz.

Juliana também diz que passou a "moderar" mais no consumo de álcool depois da lei seca. Mas admite que não trocou o carro pelo táxi quando sai para a balada --além de "odiar" ter que depender de carona, ela "nunca mais viu uma blitz". "Acabou, virou lenda", diz ela, que "só nos primeiros dias" da lei se preocupou em ser parada.

Apesar da impressão dos motoristas, a Polícia Militar afirma ter intensificado as blitze neste ano em relação a 2008. Diz que o total de veículos vistoriados cresceu 15% nos primeiros seis meses deste ano em relação ao segundo semestre de 2008. E que o número de multas a motoristas alcoolizados cresceu 50,5% entre esses dois períodos.

Na mesa ao lado da do casal, o administrador de empresas Vitor Patrick, 26, dividia dois baldes de cervejas com nove amigos. "Estou apreciando uma cervejinha sim. Ninguém aqui parou de beber. A pessoa tem que ter discernimento, saber quando está bem [para dirigir]", diz ele, que só vai de táxi "às vezes", quando já sai de casa sabendo que "vai beber vodka" na balada.

Em todas as oito mesas observadas pela reportagem por três horas, na quinta-feira, havia alguém que bebia mais de cinco copos de cerveja --apenas um já seria suficiente para levar à suspensão da habilitação. E em três dos quatro grupos que aceitaram dar entrevista, houve quem admitisse que iria para casa dirigindo --embora ninguém considerasse estar bebendo demais.

O que os motoristas entrevistados consideram consumo "moderado" de bebida é tido como abusivo pelo Ministério da Saúde -isto é: pelo menos quatro doses de álcool para as mulheres e cinco para os homens (uma dose equivale a um copo de cerveja).

Pesquisa do ministério mostra que o percentual da população que admite dirigir após beber abusivamente chegou a cair pela metade nos primeiros meses da lei seca. Mas, agora, essa incidência já voltou aos níveis de antes da medida (em torno dos 2%).

O índice chegou a cair para 0,9% em agosto, e se manteve na casa de 1% até outubro. Mas voltou a crescer e, em dezembro, chegou a 2,6% --o recorde num mês desde julho de 2007, quando a pesquisa começou. O patamar é considerado alto pelo Ministério da Saúde.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ministério da Saúde atribui queda de 23% em acidentes de trânsito à lei seca

Do UOL Notícias
Em São Paulo
O número de internações provocadas por acidentes de trânsito nas capitais brasileiras reduziu de 105.904, no segundo semestre de 2007, para 81.359, no segundo semestre de 2008. O Ministério da Saúde, que divulgou os dados nesta manhã (17), atribui a queda à lei seca, que entrou em vigor em junho do ano passado.

Ao todo, foram 24.545 hospitalizações a menos, uma queda de 23% nos atendimentos às vítimas do trânsito financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Já entre o primeiro e o segundo semestre de 2008, houve redução de 3.325 internações por acidentes de trânsito, uma queda de 4%.

As mortes relacionadas a acidentes de trânsito também diminuíram. No segundo semestre de 2008, foram registrados 2.723 óbitos, uma redução de 22,5% com relação aos 3.519 óbitos registrados no segundo semestre de 2007.

"A redução do número de óbitos e internações em conseqüência provocadas pelo trânsito mostra que a lei vem protegendo a vida. Medidas legislativas como o Código de Trânsito Brasileiro e a Lei Seca têm sido muito importantes para a prevenção dos acidentes de transporte terrestre, com conseqüente diminuição da morbimortalidade por essas causas", afirma, em nota divulgada, a coordenadora da área de Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta.

A análise levou em consideração apenas as informações das capitais brasileiras. As cidades que registraram reduções tanto de internações quanto nos óbitos foram São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre e Recife. Já Belo Horizonte, Belém e Teresina registram aumento.

Internações por acidentes de trânsito por região, 2007 e 2008

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Fonte: Ministério da Saúde


UOL Celular

domingo, 14 de junho de 2009

Após lei seca, número de mortes caiu cerca de 12%

São Paulo - Prestes a completar um ano no dia 20, a Lei 11.705, conhecida como lei seca, ainda provoca dúvidas sobre sua eficácia. Um dos termômetros que afere os efeitos da punição mais severa aos motoristas embriagados são mortes de pacientes que chegam aos hospitais em decorrência de colisões e atropelamentos. Entre junho de 2008 e março de 2009, unidades públicas do Brasil registraram queda de 12,4% nos casos em comparação a igual período anterior. Nos dez primeiros meses de vigência da lei (março é o último tabulado) houve 3.523 mortes em hospitais de ciclistas, pedestres, motoristas, motociclistas e ocupantes de veículos acidentados. No intervalo anterior correspondente - junho de 2007 a março de 2008 - foram 4.025 casos.

A redução, porém, não foi homogênea no País. Em 11 Estados o fenômeno foi inverso. Rondônia, Ceará, Sergipe, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são os exemplos de locais em que a redução de mortes foi mais acentuada. Em São Paulo, a baixa foi de 16,1%, também melhor do que a média nacional.

Os balanços das Polícias Rodoviária e Militar ainda não foram concluídos e só serão divulgados perto da data do primeiro aniversário da legislação. A reportagem do Estado realizou levantamento com base em informações do DataSus, banco do Ministério da Saúde abastecido mensalmente pelos municípios do País. São contabilizadas as informações de hospitais públicos, ou seja, estão excluídas as mortes nos locais dos acidentes.

Em muitas regiões há falta de etilômetros (bafômetros). O Ministério da Justiça anunciou em outubro do ano passado a compra de 10 mil aparelhos, que seriam divididos entre Polícias Rodoviárias Federal e estaduais. No entanto, passados nove meses, 895 chegaram aos órgãos. Outros 800 já estão no ministério e devem ser repassados em breve, enquanto que o restante será dividido em lotes e entregue até o final do ano. Segundo o Ministério da Justiça, o atraso é consequência da falta de estoque de bafômetros no País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
UOL Celular